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Qual o papel do exercício na Osteoartrose?

Quais os tipos de tratamento?
As finalidades do tratamento da Osteoartrose (OA) consistem na educação do paciente, alívio dos sintomas, redução da incapacidade e evitar a progressão da doença, enquanto as metas de gestão do paciente individual com OA sintomática consistem: 1) no controlo da dor articular para que este atinja um estado sintomático aceitável, 2) na redução da limitação física e incapacidade, 3) na melhoria da relação saúde-qualidade de vida, e 4) evitar o excesso de tratamento com agentes farmacológicos potencialmente nocivos. 

As recomendações internacionais propostas pela Sociedade Internacional para a Investigação da Osteoartrose (OARSI) e pela Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR) para o tratamento da OA do joelho e da anca baseiam-se na combinação de medidas não farmacológicas e farmacológicas. O tratamento cirúrgico pode estar indicado em casos específicos de acordo com a indicação médica. As opções farmacológicas consistem na administração de analgésicos (orais e tópicos), anti-inflamatórios não esteróides, suplementos nutricionais, injecções intra-articulares (e.g. ácido hialurónico). As modalidades não farmacológicas compreendem a educação e a auto-gestão, contacto telefónico regular, referência para fisioterapia, exercício aeróbio regular, aquático e de fortalecimento muscular, redução do peso, auxiliares de marcha, joelheiras, calçado e palmilhas, modalidades térmicas, estimulação eléctrica nervosa transcutânea (TENS) e acupunctura.
O tratamento adequado para a osteoartrose irá ajudá-lo a controlar a dor e outros sintomas, e deixá-lo viver uma vida mais sã e gratificante. O exercício é uma parte vital do tratamento da OA, cientificamente comprovada para se ajudar a si mesmo. O tipo certo de exercícios irá beneficiar as articulações que foram danificadas pela OA, e irá aumentar a sua energia e a capacidade de desfrutar as suas actividades favoritas.

O que é que o exercício e a actividade física podem fazer por mim?
A “actividade física” é entendida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos resultando dispêndio energético. O “exercício” corresponde a uma subcategoria da actividade física, que se caracteriza por um plano estruturado e repetitivo, visando a manutenção ou melhoria de uma ou mais componentes da aptidão física (cardio-respiratória, flexibilidade, força e resistência muscular). Constituem exemplos de actividade física, caminhar, nadar, jardinar e realizar tarefas domésticas, enquanto em relação ao exercício são consideradas actividades/modalidades como a ginástica aeróbica, hidroginástica, dança, entre outros, ou exercícios com cargas adicionais.
O tipo de exercício apropriado e a dose certa resultará em benefícios, não apenas para as articulações com OA, mas para a condição física, capacidade de realizar as actividades diárias e bem-estar e, além de ajudar a dormir melhor, melhora a auto-estima e reduz a depressão.

Quais os diferentes tipos de exercício?
Antes de iniciar qualquer tipo de programa de exercícios, converse com o seu médico. As pessoas com OA beneficiam frequentemente de um programa de exercícios equilibrado, incluindo três tipos (ou modos) principais: flexibilidade, força/resistência muscular e aeróbio. Adicionalmente, os exercícios funcionais que simulam as actividades da vida diária também devem fazer parte do seu programa com o objectivo de melhorar o equilíbrio, a marcha e as tarefas do quotidiano.

Flexibilidade
Flexibilidade

 

 

▪ Mantêm ou melhoram a amplitude do movimento das articulações, reduzindo a rigidez articular
▪ Realizar diariamente alongamentos, suave e lentamente. 

 Força/Resistência Muscular
Força / Resistência Muscular

 

  ▪ Músculos mais fortes podem suportar e proteger as articulações com OA; contribuem para a estabilidade e amortecimento de impactos
▪ Elementos chave para ser bem-sucedido consiste em saber que músculos devem ser fortalecidos e como devem ser realizados os exercícios sem sobrecarregar as articulações. Procure conselho de profissionais qualificados.
 Aeróbio (Cardiovascular)
Aeróbio (cardiovascular)
  ▪ Melhoram a condição física, ao fortalecer o coração e tornando os pulmões mais eficientes- Conferem mais vigor e por isso é possível trabalhar durante mais tempo sem surgir o cansaço tão rapidamente.
▪ Ajudam a controlar o peso.
▪ Os exercícios mais benéficos são a caminhada, natação e exercício aquático e uso de bicicleta estacionária.

Se não se exercita numa base regular ou tem dor, rigidez ou fraqueza que o leve a interromper as suas actividades diárias, deve iniciar o seu programa de exercícios apenas com exercícios de flexibilidade e fortalecimento. Quando se sentir confortável realizando esses exercícios, inclua gradualmente exercícios aeróbios. A meta de 30 minutos de actividade, a maioria dos dias da semana, deve ser atingida gradualmente e começando devagar. Se estiver fora de forma, ande (nade ou ande de bicicleta) não mais que 5 minutos de cada vez; mesmo 2 minutos é bom. Faça isso várias vezes ao dia para obter um total de 15 minutos. Aumente semanalmente a duração das sessões em 10%, por exemplo, se estiver a andar durante 10 minutos por dia, passe a fazê-lo durante 11 minutos. Desafie-se, mas sem forçar demasiado. A ideia é fazer com que o seu coração bombeie mais do que o habitual, mesmo até chegar a suar. Pode sentir-se mesmo um pouco ofegante, mas deve ser capaz de manter uma conversa enquanto está a exercitar-se.
Relativamente aos exercícios de força e resistência muscular, pode usar pesos livres leves, bandas elásticas ou usar máquinas de musculação, e na progressão deve primeiramente aumentar o número de repetições e só depois a resistência. Por exemplo, no início realize uma série ou mais de duas a três repetições e aumente até 10 a 15 repetições por exercício. O trabalho de força deve ser realizado dois a três dias não consecutivos por semana.
Os exercícios de flexibilidade reduzem a rigidez e, além disso, diminuem as forças de compressão resultantes da contenção excessiva exercida pelos meios de união e tendões à volta da articulação, que oferecem uma maior resistência, particularmente nos limites do movimento. No mínimo, devem ser realizados numa base diária e preferencialmente de forma passiva sendo o limite a tensão muscular e não a dor. O alongamento deve ser mantido entre 10 a 30 segundos.

Como sei o que é melhor para mim?
Um programa de exercício deverá ser adaptado às articulações afectadas, ao grau de gravidade da OA, à natureza dos seus sintomas, a outros problemas médicos e ao nível inicial de condição física. O programa também pode variar, dependendo da fase da doença (inflamatória ou não).

Existe algum risco em fazer exercício?
O risco mais comum é agravar a OA, se solicitar as articulações ou músculos demais. Isto poderá acontecer se o exercício for demasiadamente intenso ou prolongado, especialmente no início do programa de exercício. Durante o exercício, deve parar se tiver dor aguda ou mais dor do que o habitual. Após o exercício, é normal alguma dor muscular ou desconforto mínimo articular tolerável, mas se as suas articulações ficarem mais dolorosas nessa noite ou nos próximos dias, deverá suspender o seu treino. Pequenas mudanças no seu programa, podem normalmente, fazê-lo voltar de novo ao seu plano de exercício.
Uma comunicação aberta e permanente com seu médico e outros profissionais de saúde pode conduzi-lo a um caminho de êxito na gestão da OA. Mantenha um registo da saúde, e assim estará preparado para discutir questões como a dor nas articulações e adesão ao tratamento.

Margarida Espanha (Professora da Faculdade de Motricidade Humana, Coordenadora do Núcleo de Apoio ao Doente com Osteoartrose e Secretária Geral da LPCDR)

Artigo publicado no Boletim nº 47 (Janeiro a Março de 2013)